Redução no financiamento, alta do dólar e desemprego refletem cenário.
Crise tem afetado também a construção civil, inclusive com demissões.
O mercado imobiliário na Região Metropolitana do Recife não está fácil pra ninguém. Quem quer comprar ou vender apartamento encontra muita dificuldade. Para os especialistas, a redução no financiamento de imóveis, a alta do dólar e o desemprego refletem a crise nesse setor, conforme reportagem exibida nesta sexta (22) no NETV 2ª Edição.
Desde o fim do ano passado, Dona Eneida colocou o apartamento para vender. O imóvel fica em Jardim Atlântico, Olinda. Tem dois quartos, um banheiro, sala e cozinha, junto com área de serviço. O valor que esperava receber por ele está cada vez menor.
“Comecei com 150, depois 130 e agora estou pedindo 100 mil e ainda não consegui vender. Se der final de maio eu não vender, vou alugar, porque estou com o imóvel parado desde dezembro, pagando condomínio e pagando luz”, disse a técnica em segurança.
A dificuldade de vender imóveis se repete em outras áreas. Outro apartamento, no bairro de Boa Viagem, no Recife, tem três quatros, sendo uma suíte, sala, cozinha e dependência completa. Durante dez anos, Dona Moiselita viveu nele. Resolveu vender por R$ 680 mil. Baixou para R$ 650 mil e agora se alguém oferecer R$ 620 mil, ela entrega o imóvel. No entanto, se não conseguir negociar, desiste da venda. “Eu vou deixar fechado, porque eu não posso ter um prejuízo tão grande. Então vou deixar fechado até aparecer o preço mínimo que eu possa dar”, afirmou a psicóloga.
Basta uma circulada pelas ruas e avenidas do Recife e da Região Metropolitana para encontrar vários imóveis a venda. E a queixa de vários proprietários é a mesma: não conseguem vendê-los. De acordo com especialistas, o principal motivo são as mudanças na forma de financiamento da Caixa Econômica Federal, que é a maior responsável pelos créditos imobiliários do Brasil.
Para compra de imóveis usados até R$ 750 mil, o financiamento da Caixa ia até 80% do valor. Agora que esse percentual oferecido pelo banco baixou para 50%, o comprador é obrigado a conseguir de alguma outra forma, metade do preço da casa ou do apartamento que queira comprar.
Fatores
Para este especialista em avaliação de preços de imóveis, além da diminuição do financiamento, fatores como alta do dólar, desemprego e crise econômica brasileira refletem no mercado imobiliário que ao longo dos anos vem sendo atingido.
“De meados de 2013 até aqui, os valores dos imóveis têm sofrido uma queda, gerando uma acomodação mercadológica. Diante desse crédito da Caixa, realmente a situação fica muito delicada porque a Caixa é responsável por mais de 70% do crédito imobiliário do país. Isso atinge o mercado de usados e de novos porque por trás da compra de um novo, existe a venda de um imóvel usado”, explicou Frederico Mendonça, conselheiro federal e corregedor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Pernambuco.
A crise tem afetado também a construção civil, inclusive com demissões nesse setor. O diretor de Economia e Estatística do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado de Pernambuco disse que o momento é de cautela em relação à oferta de imóveis. “Vemos com bastante reserva para os próximos seis sete meses. A gente não tem uma sobra muito grande, mas a gente percebe que haverá uma diminuição na quantidade de imóveis vendidos nos próximos anos”, comentou Avelar Loureiro.
Fonte: http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2015/05/crise-provoca-baixa-em-vendas-de-imoveis-no-grande-recife.html
22/05/2015 19h59 - Atualizado em 22/05/2015 19h59
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